Popularmente conhecida como gordura no fígado, a esteatose hepática é uma doença silenciosa, sem sintomas aparentes e muito perigosa. No Brasil, a estimativa é que o problema atinja até 18% da população, mas esse número pode ser ainda maior, uma vez que o diagnóstico é realizado apenas por meio de ultrassonografia em exames de rotina ou periódicos. Um indicativo importante é a circunferência abdominal do paciente (se maior de 82 cm para mulheres e 93 cm para homens, pode ser que a pessoa esteja com o problema e nem saiba).
Além de fatores de risco, como obesidade e diabetes, a esteatose hepática também pode ser causada pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas e uma boa forma de tratar a doença é mudar a alimentação. De acordo com a gastroenterologista Helma Cotrim, professora da Faculdade de Medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia), a doença não tem cura, mas uma dieta equilibrada pode ajudar a controlá-la.
Alimentos ricos em gordura, como a carne vermelha, por exemplo, devem ser cortados tão logo a pessoa seja diagnosticada. “Bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, também devem ser cortadas”.
Nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Fabiele Santos da Cunha ainda destaca que na lista de alimentos proibidos, estão os refinados, processados e ultraprocessados, além de alimentos com alto teor de lipídios e carboidratos.
Alimentos que ajudam a controlar o problema
Por outro lado, alguns alimentos são bastante indicados e podem colaborar com a redução da gordura no fígado, segundo as especialistas. “O salmão é ótimo porque é rico em ômega 3, que protege o fígado. Assim como o café, que também tem a mesma função de proteção”, aponta Cotrim.
Para Santos, além do ômega 3, encontrado em peixes, linhaça, soja e nozes. alimentos ricos em colina (gérmen de trigo e feijão), vitamina C (frutas, verduras e legumes), e de propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias (sucos de fruta, vinho, chá e frutas vermelhas) também são benéficos nesses casos. “Assim como a dieta mediterrânea, que reduz o consumo de industrializados e prioriza alimentos frescos, sazonais e regionais”.
A nutricionista ainda explica que é importante apostar em uma dieta de baixo índice glicêmico, priorizando vegetais, azeite de oliva, oleaginosas, grãos integrais, proteínas vegetais, tais como lentilha, feijões, grão-de-bico e soja, e manter moderado a baixo consumo de iogurte, leite e queijos e consumo esporádico de doces.
“Esteatose hepática caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura no interior dos hepatócitos (células do fígado). O aumento constante e por tempo prolongado de gordura pode provocar uma inflamação capaz de evoluir para quadros graves de hepatite gordurosa, cirrose hepática e até câncer”, aponta Santos.
Mudança de hábitos
Endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês, Claudia Cozer explica que não existem remédios para a esteatose hepática e o tratamento, muitas vezes, é baseado em mudanças de hábito. “É uma doença que atinge homens e mulheres em diferentes idades. Crianças e adolescentes também podem ser diagnosticados e, por isso, é tão importante apostar em uma dieta equilibrada acompanhada de atividade física”.
De fato, a pessoa precisa se movimentar. Segundo Cotrim, atividades aeróbicas e de força devem fazer parte da rotina de pacientes com esteatose hepática cinco vezes por semana, por 30 minutos. “É uma doença que pode acometer também os magros, por isso merece atenção em todos os graus”.
Fonte: VivaBem