Uma pesquisa realizada com crianças de até 10 anos em diferentes regiões do País revelou que seis em cada dez delas demonstram dificuldades alimentares, que vão desde o baixo consumo de produtos in natura até a resistência em experimentar novos alimentos.
A preocupação é a de como isso pode afetar o desenvolvimento infantil, como explica a professora Maria Elizabeth Machado (Faculdade de Saúde Pública da USP). Para ela, o equilíbrio nutricional colabora com a saúde global da criança e só pode ser proporcionado pela alimentação adequada (a entrevista concedida pela especialista à Rádio USP pode ser ouvida clicando aqui).
A má alimentação nessa fase pode causar anemia, emagrecimento ou obesidade, cansaço a longo prazo e até mesmo distúrbios psicológicos e motores — daí a importância de um acompanhamento médico, sublinha a professora, que aconselha que não se dê atenção apenas ao peso e à estatura da criança, mas também a fatores como prática de atividade física e participação escolar.
“A nutricionista pode ajudar com orientação sobre quais alimentos escolher, o preparo adequado a cada idade, sempre dentro do contexto doméstico e atendendo às características de crença, origem e costumes da família”, explica.
Nesse aspecto, os pais exercem papel fundamental na garantia de uma alimentação saudável, que deve ser diferente da dos adultos no tocante a particularidades como textura, cores, frequência, volume, com o acréscimo, no decorrer da idade, de diferentes condimentos. Maria Elizabeth observa que a criança é o espelho dos responsáveis que participam de seu horário às refeições e que estes, portanto, têm importância na formação de bons hábitos alimentares. “Para incentivar a boa alimentação, deve-se tornar esse horário o mais agradável possível, até mesmo fazendo a criança participar do preparo das refeições.”
Alimentação saudável
Também é importante observar que, para cada idade, é recomendado um tipo de alimento, o qual deve levar em conta não só as necessidades nutricionais, mas também as experiências que as crianças têm ao se alimentar.
A especialista também afirma que a pandemia da covid-19 afetou a rotina dentro de casa e gerou reflexos na hora do almoço ou do jantar. “A convivência dentro de casa entre pais e filhos se tornou muito mais intensa e isso gerou lembranças de comportamento, preferências e rejeições alimentares”, diz a professora. “O estilo de vida alterado e, muitas vezes, a falta de aptidão de preparo dos alimentos pelos responsáveis pode promover o aumento das facilidades, como a aquisição de produtos prontos.”
O lado positivo é poder reunir toda a família no horário nobre das refeições. Seja como for, alcançar o equilíbrio alimentar pode se tornar um desafio no dia a dia, mas é importante para a formação da criança. Quando dificuldades se apresentam, sempre é bom solicitar ajuda de um profissional da nutrição ou de um pediatra, aconselha Maria Elizabeth.
Fonte: VivaBem – UOL