Atualmente os casos de obesidade e outras doenças crônicas vêm crescendo muito no Brasil. De acordo com a Abeso , estima-se que mais de 20% da população esteja em obesidade e mais de 60% em sobrepeso.
Esse é um fato curioso, pois nunca se teve tanta informação como nos dias de hoje. É muito fácil encontrar pelas redes sociais dicas de emagrecimento e bons hábitos alimentares, dietas da moda, sucos detox, chás milagrosos.
O tempo todo estão vendendo estratégias de emagrecimento e, vários profissionais de saúde utilizam como marketing fotos de antes e depois dos seus pacientes como amostra da sua capacidade profissional para emagrecer e promover mais saúde para as pessoas.
A verdade é que vários dos conceitos de saúde acabaram ficando um pouco deturpados a partir do momento que uma profissão de saúde só é reconhecida como algo que serve apenas ao emagrecimento ou a estética.
É muito comum que a população enxergue a nutrição como uma profissão que serve ao emagrecimento ou ao ganho de músculos, quando na verdade o conceito de nutrição tem a ver com nutrir através do alimento, além de pensar em estratégias para que as pessoas tenham uma melhor relação com a comida.
Dessa forma, com a busca pelo emagrecimento e pela necessidade de atender aos padrões de estética, o ato de se alimentar bem acaba sendo visto como algo que exige muita força e dedicação por parte das pessoas. Já é cientificamente comprovado que existe uma cobrança muito grande contra quem está fora do peso e dos padrões.
Esse estigma da obesidade que pode ser observado por estudos publicados no periódico científico Nature Medicine em que os autores mostram que o preconceito contra esse grupo prejudica a saúde física e mental, dificultando o acesso ao mercado de trabalho.
O estigma é relacionado com a desvalorização de uma pessoa pelo excesso de peso devido estereótipos, sendo vistas como pessoas preguiçosas, sem “vergonha na cara” e sem força de vontade.
A ideia de uma vida saudável se alimentando para manter-se magro e sempre seguindo uma rotina com muito esforço acaba sendo algo contraditório, já que comer é uma das únicas necessidades que você terá até o fim da sua vida.
Se comer é um ato que sempre vai existir, então porque deveria exigir tanto esforço por parte das pessoas? A verdade é que comer deve ser um ato simples, natural que faz parte da sua vida sem necessariamente precisar ter “força, foco e fé” (Expressão muito utilizada no meio fitness).
Enxergar o ato de comer como algo que não exige tanto esforço de você te ajuda a ter melhores escolhas alimentares e a manter um padrão alimentar constantemente saudável independente de você fazer dieta ou não.
Pense que fazer o básico é o mais importante. Sim, comer vegetais, frutas e beber água, não se esquecer das proteínas, que podem ser obtidas através da carne bovina, suína, aves, peixes, ovos e laticínios e por vegetais (feijões, grão de bico, lentilha, amendoim, entre outros).
Outro macronutriente importante, a gordura não precisa ser vista apenas como algo ruim, mas como uma fonte necessária para proteção térmica, produção de hormônios e formação da bainha de mielina que está envolvida com a condução de impulsos nervosos. Lembre-se de consumir boas fontes como azeites, castanhas, abacate, açaí, coco e cacau.
Entenda também que carboidrato não engorda ninguém de forma isolada. O que pode facilitar o ganho de gordura corporal são os exageros e o excedente de calorias. Portanto, não deixe de consumir tubérculos como batatas, mandioca e não precisa ter medo de arroz.
Consumir alimentos industrializados, doces, frituras pode não ser o ideal, mas não significa que você deva ter medo deles. Apenas entenda que eles podem fazer parte de uma rotina saudável quando consumidos em pouca quantidade.
O que devemos, em resumo, é parar de tratar os alimentos de forma dicotômica como se existisse um vilão e um mocinho.
Comida é apenas comida e existem aqueles alimentos que devem aparecer com mais frequência e aqueles que podem aparecer com menor frequência.
Quando comer esses alimentos que deve-se ter cuidado, tenha compaixão com você e pense se esse alimento fez algum sentido na sua vida.
Refletir sobre o que você come é melhor do que ficar se condenando e se martirizando por ter comido algo que “não deveria”.
Quando você aceita o que está comendo, logo é cessada a guerra com a comida e a consequência é o equilíbrio como aprendizado.
Fonte: VivaBem